Marxismo
Influências
Marxismo é um dos muitos nomes que a ciência de Karl Marx recebeu, dentre eles comunismo, socialismo e a talvez mais indicada, materialismo histórico. A ciência da História que ele criou foi influenciada por muitos filósofos e doutrinas, como a dialética hegeliana, Feuerbach, a economia clássica e os diversos tipos de socialismo (feudal, utópico, burguês...), e foi bastante mal-interpretada durante a história.
Como dito anteriormente Marx, apesar de não concordar com a filosofia hegeliana, absorveu o seu conceito de dialética e o modificou. Para Hegel, as idéias se transformavam na realidade em que estavam através de constante negação e modificação. O processo dialético de Hegel consite em quatro regras principais:
1. a ação recíproca - nenhum acontecimento é isolado, portanto tudo se relaciona. Se uma condição para que algo aconteça muda, toda a cadeia de acontecimentos que viriam após esse acontecimento mudaria também;
2. mudança dialética - tese, antítese e síntese, ou "tudo se transforma", todo acontecimento é uma negação ao seu correspondente anterior;
3. mudança qualitativa - é a passagem da quantidade para a qualidade.A mudança qualitativa, neste caso, é o estado. Por exemplo, ao aquecermos a água, a sua temperatura vai aumentando quantitativamente, e após um determinado momento (100°C), ela muda de estado, e se torna vapor.
4.interpenetração ou luta dos contrários - a mudança, é interior ao seu prórpio movimento(semente que vira planta, que vira fruto, que vira semente...), é inovadora (velhoXnovo), e os contrários se juntam formando o inteiro. Por exemplo, as 12 horas do manha e da noite formam um dia de 24 horas.
Marx considerava Hegel um ideólogo, pois para ele a realidade era a impressão da Idéia, que é uma "substância mística" universal. Ele, diferentemente,acreditava que as idéias não são mais que o reflexo da realidade, e ambos estão em constante negação e transformação.
Marx também deve muito aos economistas clássicos, como Adam Smith e David Ricardo. A idéia de valor das mercadorias que Marx utiliza vem deles, apesar de Marx considerar as relações de troca destas mercadorias não apenas relações entre objetos (produtoXproduto ou produtoXmoeda), e sim relações entre homens. Assim ele considerava os economistas meros observadores.
Por fim, as suas críticas às outras formas de socialismo eram o seu caráter meramente reformista ou conservador, ou então o seu caráter utópico. Para Marx, os socialismos feudalista; pequeno-burguês, de Sismondi; alemão de Hess; ou burguês de Proudhon tinham como objetivo final o retorno às estruturas feudais, ou a legitimação da estrutura vigente, possivelmente através da força. Proudhon, mais especificamente, rejeita a propriedade privada e o comunismo assim como Marx; a sua fraqueza é não tomar atitude alguma. Ele não entendia que terminar com a divisão econômica das classes, por exemplo, não significaria o fim da divisão social das classes. Esta, apenas através da revolução.
Materialismo Histórico
Marx diferencia o homem dos demais animais devido à sua capacidade de transformar a natureza através do seu trabalho. É esse mesmo trabalho que esta sendo tirado do homem, através do desenvolvimento e divisão da produção. Antigamente o homem dispunha dos meios, da força e do produto do seu trabalho. Porem, com a criação do capital, o homem abandona a sua condição e passa a operário, tendo alienada a matéria-prima, as ferramentas e até mesmo o resultado do seu trabalho. Dessa forma, ele se torna cada vez mais pobre e dependente, ao passo que a indústria, ou os capitalistas se apropriam do seu trabalho, mas se tornam dependentes da sua força.
A ciência criada por Marx e seu parceiro Engels, o materialismo histórico, afirma que a história contada no mundo é a história criada a partir do movimento de luta entre classes. Antes de qualquer coisa o homem é um indivíduo dentro de uma classe social, e suas atitudes e pensamentos, sua consciência enquanto homem é diretamente influenciada pela classe social à qual pertence. Dentro da sociedade, existem níveis de dominação importantes como a ideologia, a política e a economia, sendo a última a mais importante. A economia era o nível mais importante, pois era diretamente influenciada pelas relações de produção. Ou seja, determinada posição no processo de produção determinaria as classes dominante e dominada. A primeira, obviamente teria maior poder econômico e melhor posição na produção, podendo assim influenciar os outros níveis de dominação: político e ideológico. Esta é a relação entre base e infra-estrutura da sociedade, na qual o poder econômico (posição na produção) influenciaria os outros poderes (político e ideológico), que estariam ao seu serviço e legitimariam a situação. O Estado, por exemplo, é a parte principal da infra-estrutura política, e estava a serviço da classe dominante.
Como dito anteriormente, os níveis de dominação (econômico, político e ideológico) não foram responsáveis pela divisão da sociedade em classes, pois a própria divisão nas relações de produção foi responsável por isso. As divisões já foram entre escravos/senhores, servos/nobreza, e a atual é proletariado/burguesia, o que não significa que não existam outras categorias menores e bem menos importantes. Sempre existiu e existirá uma classe dominante, e é ela que conta a história e dita os padrões políticos, ideológico, e principalmente os econômicos.
A classe dominante era a burguesia, detentora do capital e empregadora da força de trabalho. A divisão do trabalho a havia criado, desenvolvido e terminaria por destruí-la através do movimento operário. Isso se explica porque o proletariado, classe dominada, estava sendo explorada pelos capitalistas que só viam olucro.
O lucro que os capitalistas alcançavam era adquirido através do acumulo da mais-valia, que e o trabalho operário não pago. Em outras palavras, quando o burguês contratava a força de trabalho do operário, ele tinha direito de utilizá-la da forma que quisesse. Parte do tempo que o trabalhador produzia era necessário para o pagamento do seu salário pelo capitalista, este tempo de trabalho era o necessário para a produção de mercadorias que, vendidas, pagariam o proletário. Mas a sua jornada de trabalho não consistia apenas no tempo de trabalho “necessário”, mas sim também o tempo suplementar. É no tempo suplementar que o trabalhador era explorado, pois o valor de troca do seu trabalho não lhe era repassado.
Os capitalistas procuravam aumentar a mais-valia através do aumento da carga horária de trabalho, e da sua mecanização. As mesmas medidas prejudicavam o trabalhador no seu dia-a-dia, causavam o seu empobrecimento ou até mesmo lhe retiravam o emprego. Essa situação faz com que eles começassem a se unir, e procurar melhorar as suas condições. Os industriais não percebiam que ao aumentar a produção incessantemente eles preparavam futuras crises de consumo, e que ao negar ao operário toda e qualquer condição de desenvolvimento individual, eles estavam criando futuros opositores.
Materialismo Dialético
O materialismo dialético que Marx utilizava explica que tudo que existe é a negação de algo anterior, e será negado futuramente. Na sua ciência da História, a classe dominada sempre se rebelaria, passando ao posto de classe dominante, e isso seguiria enquanto houvesse o antagonismo entre as classes existentes. Por antagonismo, entende-se desigualdade, que não é somente ou necessariamente econômica. Portanto, todo “lado ruim” da sociedade da época (tese) era necessário para que a nova idéia surgisse (antítese) e criasse uma nova sociedade livre dos antagonismos, no seu estagio final (síntese). Por exemplo, a burguesia hoje dominante havia sido a classe dominada dos servos na Idade Média, por isso, a sociedade feudal havia sido importante para o seu desenvolvimento assim como ela é importante para o desenvolvimento do proletariado enquanto classe e enquanto movimento revolucionário.
O monopólio do capital (meio de produção) nas mãos dos industriais traria uma crise na qual o proletariado surgiria como força principal.
Como Marx considerava o homem enquanto indivíduo pertencente a uma classe, a formação da sociedade vigente lhe estava negando a capacidade de desenvolvimento próprio. Isso acontecia pois enquanto operário em busca de subsistência, o individuo não satisfazia as suas necessidades através do trabalho, que se tornava apenas um meio para tal. A burguesia lhe tirava mais e mais essa sua capacidade de desenvolvimento, de transformação, enfim a sua humanidade. Somente através da revolução o homem poderia voltar à sua condição humana, e não apenas de força de trabalho. O ideal era que os homens produzissem “segundo as suas necessidades”, que o trabalho deixasse de ser o meio para a realização pessoal, e se tornasse a própria realização.
Somente em uma sociedade comunista, e através das mãos do proletariado é que a realização e desenvolvimento dos homens seriam possíveis. Isso acontece porque o proletariado não tem como objetivo se firmar como classe dominante (não em longo prazo), e os homens sempre buscaram uma sociedade sem classes, propriedade, divisão ou alienação do trabalho, e sem um Estado em favor de uma classe dominante.
Comunismo
A passagem do capitalismo para o comunismo seria gradual, de forma a concentrar os meios de produção nas mãos do Estado. O mesmo Estado seria composto e representado pelo proletariado, que seria inicialmente a classe dominante (ditadura do proletariado) e iria impor medidas como:
“1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado.
2. Imposto fortemente progressivo.
3. Abolição do direito de herança.
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos.
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio.
6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.
7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.
8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da e A passagem do capitalismo para o comunismo seria gradual, de forma a concentrar os meios de produção nas mãos do Estado. O mesmo Estado seria composto e representado pelo proletariado, que seria inicialmente a classe dominante (ditadura do proletariado) e iria impor medidas como:
“1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do Estado.
2. Imposto fortemente progressivo.
3. Abolição do direito de herança.
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos.
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio.
6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.
7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.
8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da ducação com a produção material, etc.” (Manifesto Comunista, 1848)
Essa seria a fase intermediária da revolução, e depois da mesma, ocorreria o “salto para a liberdade”, possível apenas por causa das medidas tomadas anteriormente. Assim seria implantado o comunismo, condição para o desenvolvimento livre de uma sociedade que prima pelo desenvolvimento livre de cada indivíduo.
Saiba Mais!
http://www.geocities.com/Athens/Atrium/8471/Marx.htm
Fundamentos da Metodologia Científica
Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos
Ed.Atlas, São Paulo, 2005
Karl Marx, Friedrich Engels. Obras Escolhidas v.1
Ed. Alfa-Omega, São Paulo
História da Filosofia v.3
Ed. Paulus, São Paulo, 1991
www.marxists.org/portugues/mandel/1983/03/14.htm